Ao receber o convite para escrever no site da incrível e maravilhosa (NOTA DA EDITORA: assim você me deixar sem jeito, Iaraaaa!) Roberta Pschichholz, me senti muito feliz e grata.
“Temática livre” escreveu ela. Pensei: é isso! Espaço de fala! Então, vamos lá para mais desafios. O que, diga-se de passagem, eu adoooro.
Quero contribuir com o Roberta Comunica falando da importância do “Coletivo”, algo que sempre me movimentou muito.
Sou Iara Virgina da Silva, tenho 64 anos, divorciada e filha de Zely, que dos altos dos seus 94 anos é destaque na família, adora receber visitas e visitar, ama fazer comida, principalmente bolinho de arroz para as netas, bisnetas e bisneto. A torta de bolacha da bisa não pode faltar nos aniversários de cada um. Porque é a melhor! Ela, aliás, adora ouvir isso.
Mulher que me ensinou a não desistir dos meus sonhos, que iriam me dizer “isso não é pra ti” e iriam querer me colocar em lugares pré-estabelecidos para uma mulher negra. Pelo contrário, minha mãe diz até hoje “tu pode e conta comigo pra mudar isso”. Ela me ensina todos os dias a mostrar que posso ser o quiser ser e chegar aonde quiser. Com a dona Zely não tempo ruim! Trás a força da sua ancestralidade indígena e africana e nos mostra que legado está acima de qualquer herança.
Sou mãe de duas filhas, a Andressa, 34 anos (médica cirurgiã cardiovascular), e a Daniela, 33 (estudante de fisioterapia). Também sou avó de três netas, a Luísa, 14, a Alice, 9 e a Helena, 6. Minhas netas me fazem acordar para o agora. Tudo acontece a todo momento! “Vó, tu viu o último filme do Naruto? Vó, vamos olhar desenho! Vó, tu me filma dançando que vou postar no TikTok”. Livros, brinquedos, perguntas difíceis, isso tudo me faz pensar que, na real mesmo, a luta, a mudança é contínua e diária e que o futuro é agora.
Química aposentada, atualmente sou Empreendedora Social com o projeto Criando Pontes. Também sou voluntária do projeto Uma Sinfonia Diferente-RS, que atua no desenvolvimento de jovens e crianças autistas através da musicoterapia, e coordenadora de igualdade racial do coletivo Elza Soares-NH.
Sou uma entusiasta e ativista da luta antirracista, gosto e acredito que o conhecimento liberta de preconceito.
Sou apartidária e feminista, mas presto muita atenção na política, porque as políticas públicas influenciam demais em nossos direitos e deveres como cidadãs e cidadãos.
Tenho estudado muito sobre minha ancestralidade e, sim, o aquilombar foi um dos maiores exemplos de coletivo, de olhar para seu semelhante como importante dentro do contexto, de seguir, sobreviver e não desistir.
E porque falar de COLETIVO, Iara?
Porque coletivo pra mim trás um olhar multidisciplinar sobre nós.
Também porque é no coletivo que falamos melhor em dororidade, sororidade, acolhimento, protagonismo, fortalecimento, resistência…
Tenho estudado muito sobre minha ancestralidade e, sim, o aquilombar foi um dos maiores exemplos de coletivo, de olhar para seu semelhante como importante dentro do contexto, de seguir, sobreviver e não desistir.
Eu acredito, portanto, que podemos, sim, trazer esse olhar para exigir nossos direitos como mulher.
Vamos juntas!