Quando a Roberta me convidou para escrever sobre astrologia no site, minha reação imediata foi de autossabotagem. Vocês sabem bem, né? Aquela vozinha sacana no ouvido, que nos direciona traiçoeiramente ao boicote por não confiar na nossa capacidade e conhecimento. Só que para além do autoboicote, que infelizmente tantas de nós estamos familiarizadas, confesso que também bateu um pequeno desespero a respeito do tema.
Pode parecer um tanto absurdo, mas sou uma astróloga que não acredita em horóscopos. #faleitôleve. E, se eu, astróloga, sinto que essas palavras são atípicas, posso imaginar a estranheza gerada em quem as leu. Mas calma que explico! (risos nervosos)
O horóscopo, aquele do jornal da cidade e do rádio, ou aquelas revistinhas de almanaque do João Bidu (entregando a idade sem falar números), evoluiu para notificações de apps recebidas e nem sempre lidas, ou para os engraçadíssimos e exageradamente estereotipados memes da internet.
O conjunto dessas informações, ao meu ver, gera (des)crença em uma astrologia cheia de clichês, que é capaz (ou não) de prever a vida das pessoas. A artista em mim lembra, o tempo inteiro, do quadro “A traição das imagens” do pintor surrealista René Magritte, o que vemos é somente uma representação do objeto real. O mesmo movimento que torna a astrologia tão popular e presente nas nossas vidas, também acaba dificultando nossa conexão e menosprezando a genuína natureza desse saber.
Mesmo tendo consciência de que os memes e as previsões generalizadas são feitos para rir, aliviar a tensão e colocar algum sentido nas situações caóticas, também entendo que são um pequeno recorte de um vasto conhecimento, soltos de qualquer contexto. Minha intenção é continuamente fugir desse senso comum, com bom humor sempre, mas levantando reflexões sobre nossas emoções e como reagimos ao mundo.
Astrologia é um exercício de olhar para dentro, e deixo o convite para fazermos essa jornada aqui. Ouso dizer que, eventualmente, aqueles quadradinhos do horóscopo nem serão mais necessários, e que a conexão com essa consciência será natural pela compreensão desses arquétipos. Sim, sei que parece somente mais uma coluna de horóscopo, mas é uma metáfora para o autoconhecimento.