E aí você se descobre grávida.
Momento de esplendor. Plenitude. O milagre da vida sendo gerado em você. O poder da vida. Seu sorriso nunca foi tão radiante. Seu olhar nunca foi tão iluminado. Você vai ser mãe! Seu tão sonhado e planejado bebezinho está a caminho. Você se sente poderosa.
A gravidez é um momento único e mágico na vida de uma mulher. Hummm…. Ok. Vamos voltar à vida real?
Junto com o positivo vem o sono e o cansaço, e eu sei que você trabalha muito e já está acostumada a driblar estes sintomas. Mas não é um sono e cansaço comuns. Na minha primeira gestação, fui pro médico achando que estava com anemia profunda. Era o Danilo.
Já na segunda, tirei forças sei lá de onde! Ao chegar em casa, depois de dar aula pra adolescentes (eles têm e tiram muita energia de você e quem é profi sabe do que estou falando…) ou de encarar o palco, tinha de dar atenção pro mais velho. E tem também o enjoo. Do Danilo não enjoei nada, mas da Catarina tive um pouco. Chegava à tardinha da escola louca de fome, comia algo e a maldição começava. Nem chegava a vomitar. Sou sortuda, dizem. E deve ser, porque imagina amanhecer com um enjoo daqueles, ou então vomitar todo o dia… Tem mulheres que vomitam a gravidez toda. Tem também prisão de ventre, dor nas pernas, dor nas costas, vontade louca de fazer xixi, azia, estrias, varizes, dor de cabeça, acha pouco? Ainda tem hemorroida.
Com filhos nos tornamos pessoas melhores, sem dúvida; menos egoístas, mais preocupadas com o mundo ao redor e menos com nosso próprio umbigo
Mais pro final da gestação, ou a partir do terceiro trimestre, você vai inchar.
A intensidade varia. Na gravidez do Danilo inchei muito. Metade da minha cara era nariz, a outra metade beiço. Só podia usar havaianas. A sapatilha do meu figurino praticamente não servia. Fazia uma cena, ia pra coxia e tirava o calçado. Na cena seguinte, quase me atrasava pra entrar tentando fazer a tal sapatilha servir. Da Catarina foi bem menos, mas foi. Ah, e tem a pressão também, ela costuma baixar. Dei umas desmaiadas nas duas gravidezes. E os hormônios? Eles oscilam de uma forma que tu parece estar de TPM há nove meses. Punk. Nesse caso, quem sofre é o marido. Porque você já está carregando toda esta carga de desconfortos acima citados e ainda tá com uma chuva alucinada de hormônios em você.
No meu caso, especificamente, tenho problemas de autoestima na gestação. Quem me conhece pessoalmente sabe que sou baixa. Muito baixa. Praticamente uma “smurfete”. Meço 1,55m. E coloca aí uns quilos a mais, umas formas arredondadas. Eu pareço o freezer da minha mãe. Nada do que eu visto fica bom. Meu guarda-roupa se resume a meia dúzia de peças. Como invejava aquelas grávidas bonitas, bem vestidas e maquiadas que aguardavam na sala de espera do pré-natal! Eu parecia uma mendiga com lombriga. Isso que não engordei muito. Só pra constar, do Danilo engordei 12 kg e da Catarina 10 kg. Mas fui trabalhando esta questão. Na primeira gravidez não fiz book gestante, tirei poucas fotos e não deixei o pai do Danilo fotografar na sala de parto. É claro que me arrependi. Tudo passa e essa neura também e é incrível ter recordações deste momento. Com a Catarina, fiz book, tirei muitas fotos, tentei olhar além destas questões estéticas, e sim, somos lindas grávidas (desenvolvi este mantra).
Mas o que quero dizer com este texto é que nem tudo são flores na gravidez. É difícil, mas passa e vale a pena. Vale cada sorriso, cada aconchego no seu colo, cada eu te amo, cada olhar apaixonado. Com filhos nos tornamos pessoas melhores, sem dúvida; menos egoístas, mais preocupadas com o mundo ao redor e menos com nosso próprio umbigo. E quero dizer aos papais, vovós, tias e tios, amigas e colegas de trabalho: sejam compreensivos com as grávidas, elas merecem carinho, ajuda, um dengo… lembrem-se de que ela está começando a maior jornada de sua vida.
Parabéns, você vai ser mamãe! E você nem vai lembrar como era a vida antes do seu pequeno milagre.
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